segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A nossa teimosia...

Trocamos de meias, cuecas, calças, camisas, carro e até de companheira/o. Para tal, basta que nos comprometam ou traiam… de clube ou partido é que não!

Todavia, se percebo a razão relativamente ao clube, o mesmo já não acontece com o partido.

Dum modo geral, todos nós temos um clube da nossa simpatia. No meu caso pessoal, talvez por influência doméstica e paternal, mas não por imposição, ao longo da minha infância e adolescência habituei-me a conviver com aquele clube, decorrendo essa simpatia até aos dias de hoje. Digamos que é uma espécie de apêndice familiar. Se ganham, a alegria irradia casa dentro e tudo é fantástico e fabuloso. Se perdem, bom, aí, não há nenhum drama mas, convenhamos, a atmosfera é outra, os semblantes mudam um tudo-nada para o carregado…porém, quando tal acontece, a não ser aquela tal “azia”, não vem mal nenhum para a minha saúde, educação ou harmonia familiar…

No caso dos partidos há uma ligeira diferença, dum modo geral e tendo em consideração a grande abstenção nas urnas, nem todos nós temos um partido da nossa simpatia. No meu caso pessoal, não sou, nem nunca fui militante de qualquer partido. Porém, não por influência partidária, mas sim por simpatia e respeito por aqueles homens e mulheres abnegados e lutadores que no passado tudo fizeram (alguns até a vida deram) em prol da liberdade, da democracia e do bem-estar da população. Homens e mulheres que hoje continuam com a mesma coerência e dedicação e sem qualquer outro interesse que não sejam os valores já referidos. Por tudo isto (que não é pouco), tem havido sempre interesse e justificação para votar num partido. Todavia, não havendo no quadro nacional, partidos cujo programa eleitoral não venham ao encontro daqueles valores, não me absterei de votar. Voto em branco. O voto em branco é tão válido como os outros, só que tem esta pequena (grande) diferença: não vota em ninguém, ao contrário da abstenção que vota na maioria! Quem cala consente…já repararam que mais de 3 milhões de portugueses não votam. Por isso é que o partido do governo se sente legitimado e mandatado pela maioria absoluta (que, de facto, não tem). E mais, Salvo melhor opinião, apesar da liberdade nos dar o direito de não votar, eu considero que não votar é uma ofensa àqueles que lutaram e sofreram para nós termos esse direito!

Vamos no 18º Governo eleito por sufrágio livre e universal. Como não foi sempre o mesmo partido a governar, Será que podemos afirmar que a maioria nunca trocou de partido? Ora bem, Indo ao cerne da questão, acho que podemos afirmar que a maioria nunca trocou de partido. O que tem contribuído para a alternância governamental, é uma franja do eleitorado que anda ao sabor das promessas, ora vota num, ora vota noutro partido, não percebendo que no papel esses partidos são diametralmente opostos, mas na prática (e esta é que conta) são iguaizinhos!

O engraçado é ouvir-se nalgumas conversas, nos transportes públicos por exemplo, frases como: “eu não votei neles!”, “eu não voto!” ou “eu nunca mais voto neles!”. E quando se pergunta porque é que não troca de partido. A resposta é invariavelmente esta: “trocar para quê? São todos iguais!”, ou então: “Ah, sempre votei neles, não é agora que vou trocar!”.


Ao contrário dos clubes, no caso dos partidos (os dois governamentais), não é a mesma coisa. Sempre que há maus resultados (e tem havido muitos), não é só “azia” que sentimos, é sobretudo o nosso futuro que tem sido, e é posto permanentemente em causa. Não podemos encarar os partidos como encaramos os clubes. Não podemos encarar o 1º Ministro como encaramos o treinador ou presidente do nosso clube. Se o treinador do nosso clube tem uma má táctica, o que é pode acontecer? Perder 3 pontos? Uma taça? Um campeonato? E depois? O que é que isso tem de mal para o nosso futuro?...

Moral da história: podemos viver uma vida “agarrados” a um clube sem necessidade de trocá-lo face aos seus maus resultados. Já vimos que a única consequência, dos tais maus resultados, é a tal “azia”, nada que não passe ao fim de algumas horas, ou dias nalguns casos!...

No caso político, não podemos viver “agarrados” a um partido. Sempre que houver mudanças de Direcção, há que estar atentos e vigilantes com o rumo dado ao partido. Nos partidos governamentais, o que tem acontecido, é que sem mudarem o nome do partido, as mudanças estratégicas, por vezes, vão de extremo a extremo…

Naturalmente, não podemos, nem devemos, subestimar todas as alterações que se verificaram no pós 25 de Abril até à actualidade. Mas com isso não podemos vedar os olhos ao ponto de negarmos a realidade actual. Que nalguns casos está pior que antes do 25 de Abril…veja-se o caso do Regime laboral, por exemplo.

Vai ser o eterno problema deste país, contra mim falo, acomodámo-nos…e nem trocamos de partido, e muito menos fazemos algo para trocar o interior dos partidos, ou criarmos outros partidos!!!

Um Abraço.

Orlando Duarte

sábado, 29 de novembro de 2008

Sábado - o dia dela

Tinham-lhe dito que o sábado era dela. Caíra-lhe em sorte num escalamento rigoroso de turno fabril em que as máquinas não podem parar, sucedendo-se e variando apenas os dedos que as manuseiam, garantindo uma produção contínua e lucrativa à custa do suor e do sangue dos operários que para não lhes faltar o pão, não faltam ao lugar que lhes foi atribuído, sob pena de se o fizerem, amanhã estarem na rua sem pão.

Apesar disso, ela tem faltado no dia e à tarefa que a si compete. Não se tem deixado muito ver. Tem-se escondido e o seu lugar à mesa do chá tem-se mantido vazio, com uma chávena de chá já frio e sem graça. Não fossem os amigos da mesa que se têm mantido firmes e outros em mesas vizinhas, talvez ela não voltasse mais...
…………..

Quando a cerca de uma semana de comemorar o seu 36º aniversário a encontraram no leito, de

“…olhos serenos, enigmáticos

Meninos que na estrada andam perdidos,

Dolorosos, tristíssimos, extáticos,

…/… letras de poemas nunca lidos”(*),

os dois frascos de Veronal estão ainda praticamente cheios, e lê-se a terminar o seu “Diário do Último Ano:

” … e não haver gestos novos nem palavras novas.”

E não houve. Nem gestos nem palavras. Dela. Não chegou sequer a completar os seus 36 anos…

(*) – Florbela Espanca, extracto de “A Mensageira das Violetas”

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

I HAVE A DREAM

Hoje é um dia particularmente importante para mim. As comemorações valem o que valem, é verdade. Mas tenho bons motivos para estar feliz e orgulhoso porque o meu blogue Orientovar [www.orientovar.blogspot.com] faz um ano de vida.

Quis partilhar esta efeméride aqui também, deixando o convite a que passem por lá. É que eu tenho um sonho e só lá é que o desvendam!

JOAQUIM MARGARIDO
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domingo, 23 de novembro de 2008

OBESIDADE...


Não querendo entrar por pormenores mais complexos e exaustivos, ainda assim, para ilustrar a minha tese, deixo-vos esta ideia:

Em grande parte do Continente Africano, a generalidade das pessoas deslocam-se a pé; e por via da fraca industrialização, as actividades profissionais são muito braçais e de pulso; a alimentação escasseia e, não sendo nutricionalmente pobre, é algo deficiente.

Do lado oposto está a América do Norte, onde as deslocações fazem-se maioritariamente de carro, a tecnologia industrial está altamente desenvolvida, retirando ao ser humano, os incómodos mas úteis, esforços físicos; a alimentação abunda, mas na sua generalidade é altamente má nutricionalmente.

Resumindo e concluindo: na África não há altos índices, quer glicéricos, quer colesteróis, e muito menos de obesidade. Por outro lado, é na América do Norte que existem os mais altos índices de glicemia, colesterol e sobretudo de obesidade. Ou seja, analisando mais a frio: as doenças que matam em África, não matam na América do Norte, e vice-versa!

Nem oito, nem oitenta…como tudo na vida, no meio é que está a virtude! Por cá, neste rectângulo à beira-mar plantado e inseridos no mediterrâneo, temos um pouco de tudo o que acontece nas referidas regiões, basta analisar o país do interior para o litoral.

Todavia, temos o privilégio de usufruir duma gastronomia mediterrânica, como é sabido, altamente nutritiva e equilibrada; temos um clima temperado, a pouco e pouco vai aparecendo infra-estruturas desportivas, temos vindo a crescer culturalmente e, hoje, já se encara as várias actividades desportivas naturalmente.

Contudo, infelizmente, e também a pouco e pouco, não temos sabido manter este equilíbrio e cultura. Não sei se fruto da carência e privação por que passaram, a geração dos anos 50/60 deixou-se seduzir pelas “novidades” vindas da terra do Tio Sam, quer a nível gastronómico, quer electrónico. Com a agravante de não sabermos cativar a juventude para a nossa (Mediterrânea) alimentação saudável e para as actividades desportivas, de facto, e não virtuais como acontece actualmente!

Naturalmente, estas atitudes só podiam dar um resultado – altamente preocupante: a subida avassaladora dos índices de OBESIDADE NAS CRIANÇAS DESTE PAÍS!!!

Um Abraço

Orlando Duarte

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Saúde Para Todos



Na sala de espera do centro de saúde, o ambiente era "sem graça". Quem ali estava, sentia-se com pouca vontade de falar ou então não se encontrava outro assunto a não ser os males que apoquentavam cada um. À parte isso, de um lado tossiam, do outro espirravam e o “remédio” era ... esperar pela vez de ser atendido.

Neste cenário cinzento, ninguém esperaria ouvir uma gargalhada em uníssono, dos presentes, mas aconteceu, porque, apesar de tudo, há quem consiga brincar com a sua debilitada condição:

O Ti Domingos da Ribeira saía, vagarosamente, do gabinete médico, coxeando, apoiando-se na sua bengala à direita e segurando um saco cheio de radiografias com a mão esquerda. Movia-se com dificuldade. Fez uma paragem e, em poucas palavras, fez um resumo do que a médica lhe dissera, para que todos ouvissem :

-Diz qu’ ê ‘ tou bom !!! Eu acho que não, mas ela “é que sabe”!

Fernando Andrade

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

LUZ E SOMBRAS


Empenhadamente, ou apenas para matar o tempo, lemos um jornal, ouvimos um programa de rádio, sorvemos um livro, escutamos uma música. Mais tarde ou mais cedo acabamos por esbarrar em algo que nos faz pensar com os nossos botões: “Ora aqui está uma coisa que eu gostaria de ter dito”. A expressão ou a simples ideia fica a bailar-nos no espírito, apropriamo-nos dela como se fosse nossa, aplicamo-la naquilo que de importante fazemos ou dizemos. E procuramos transmiti-la, tal como irei fazer, aqui e agora.

“A humanidade parece uma lebre encadeada pelo farol dum automóvel apocalíptico. De um lado, sombra; do outro lado, sombra; e no meio da estrada, inexorável, o mortal foco de luz. Nada que guie, esclareça, ilumine. Apenas um clarão paralisador, que só dura até que as rodas esmaguem a razão deslumbrada.”

Foi isto escrito em Palheiros de Mira, no dia 27 de Setembro de 1948. O seu autor: Miguel Torga [in, “Diários”]. Para ler, reler, treler e… meditar!

JOAQUIM MARGARIDO

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terça-feira, 18 de novembro de 2008

A SAUDADE…


Todas as pessoas que passaram na minha vida deixaram a sua marca.

As que permanecem…é porque houve algo que fez que ficássemos em sintonia.

As que partiram…deixaram alguma lições. Não importa que tipo de atitude tiveram, mas com elas aprendi muito.

Com as vaidosas e orgulhosas

Aprendi que devo ser humilde.

Com as carinhosas e atenciosas

Aprendi a ter gratidão.

Com as duras de coração

Aprendi a dar o perdão.

Com as pessoas que passaram na minha vida, aprendi também a amar de várias formas.

Com amizade,

Com dedicação,

Com carinho,

Com atenção,

Com atracção,

Com paixão ou com desejo.

Mas nunca ninguém me ensinou e nunca aprenderei como reagir perante a saudade… que algumas pessoas deixaram em mim.

A saudade é a luz viva que ilumina a estrada do passado. (Anónimo)

Um Abraço

Orlando Duarte
 
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