quarta-feira, 19 de novembro de 2008

LUZ E SOMBRAS


Empenhadamente, ou apenas para matar o tempo, lemos um jornal, ouvimos um programa de rádio, sorvemos um livro, escutamos uma música. Mais tarde ou mais cedo acabamos por esbarrar em algo que nos faz pensar com os nossos botões: “Ora aqui está uma coisa que eu gostaria de ter dito”. A expressão ou a simples ideia fica a bailar-nos no espírito, apropriamo-nos dela como se fosse nossa, aplicamo-la naquilo que de importante fazemos ou dizemos. E procuramos transmiti-la, tal como irei fazer, aqui e agora.

“A humanidade parece uma lebre encadeada pelo farol dum automóvel apocalíptico. De um lado, sombra; do outro lado, sombra; e no meio da estrada, inexorável, o mortal foco de luz. Nada que guie, esclareça, ilumine. Apenas um clarão paralisador, que só dura até que as rodas esmaguem a razão deslumbrada.”

Foi isto escrito em Palheiros de Mira, no dia 27 de Setembro de 1948. O seu autor: Miguel Torga [in, “Diários”]. Para ler, reler, treler e… meditar!

JOAQUIM MARGARIDO

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